As regras de acentuação servem para orientar a posição da sílaba tônica em palavras oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas. Na língua portuguesa, as palavras têm uma sílaba pronunciada mais fortemente, chamada de sílaba tônica. Em alguns vocábulos, para indicar qual é a sílaba tônica, usa-se os acentos gráficos (agudo ou circunflexo).
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre regras de acentuação
- 2 - Videoaula sobre acentuação
- 3 - Quais são as regras de acentuação?
- 4 - Regras de acentuação no acordo ortográfico
- 5 - Acentos gráficos
- 6 - Classificação das palavras quanto à acentuação
- 7 - Exercícios resolvidos sobre regras de acentuação
Resumo sobre regras de acentuação
- As regras de acentuação ajudam a orientar a posição da sílaba tônica em palavras oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas.
- Palavras oxítonas são acentuadas quando terminadas em -a(s), -e(s) ou -o(s); -em ou -ens; em geral, oxítonas terminadas em -i(s) ou -u(s) não são acentuadas.
- Palavras paroxítonas são acentuadas quando terminadas em -i(s) ou -u(s); em sílabas nasalizadas, como -ã(s) ou -ão(s); em -um ou -uns; com as consoantes -l, -n, -r ou -x; ou quando terminadas em ditongo.
- Todas as proparoxítonas são acentuadas.
- Na língua portuguesa, o acento agudo e o acento circunflexo ajudam a indicar, na escrita, a posição da sílaba tônica de algumas palavras.
- O acento agudo indica uma sílaba pronunciada de forma mais aberta.
- O acento circunflexo indica uma sílaba pronunciada de forma mais fechada.
Videoaula sobre acentuação
Quais são as regras de acentuação?
Em português, algumas palavras podem ser acentuadas para indicar onde fica a sílaba tônica, ou seja, aquela pronunciada mais fortemente. Veja:
sabia (sa-bi-a)
sábia (sá-bia)
sabiá (sa-bi-á)
Nessas três palavras, há diferentes sílabas tônicas.
- A primeira (“sabia”) é uma paroxítona que não tem acento gráfico, tendo como tônica a penúltima sílaba (“bi”).
- A segunda (“sábia”) também é uma paroxítona, tendo como tônica a penúltima sílaba (“sá”), que, dessa vez, leva acento agudo.
- A terceira (“sabiá”) é uma oxítona, tendo como tônica a última sílaba (“á”), o que também fica indicado pelo acento agudo.
Veja, a seguir, algumas regras de acordo com a posição da sílaba tônica das palavras.
→ Regras de acentuação das palavras oxítonas
Oxítonas são palavras cuja sílaba tônica é a última da palavra. A regra geral de acentuação é:
- Oxítonas terminadas em -a(s), -e(s) ou -o(s) devem ser acentuadas.
Exemplos:
maracujá
café
você
xodó
camelô
- Oxítonas terminadas em -em ou -ens também são acentuadas.
Exemplos:
amém
também
parabéns
- Oxítonas terminadas em -i(s) ou -u(s), em geral, não são acentuadas.
Exemplos:
jabuti
tatu
Atenção! Caso a oxítona termine em -i ou -u fazendo hiato, é necessário acentuar a última sílaba. Exemplos:
açaí
baú
→ Regras de acentuação das palavras paroxítonas
Paroxítonas são palavras cuja sílaba tônica é a penúltima da palavra. Essas são as palavras mais comuns na língua portuguesa, o que faz com que, em geral, não precisem de acento gráfico, já que, intuitivamente, os falantes de língua portuguesa tendem a entender que o acento gráfico recaia, naturalmente, na penúltima sílaba.
Exemplos:
tanto
receita
terremoto
otorrinolaringologista
No entanto, há alguns casos de acentuações para paroxítonas:
- Paroxítonas terminadas em -i(s) ou -u(s): quando a paroxítona termina com essas vogais, pode ser necessário acento gráfico. Exemplos:
táxi
vírus
dândi
safári
bônus
- Paroxítonas terminadas em sílabas nasalizadas, como -ã(s) ou -ão(s): sílabas nasalizadas tendem a ser tônicas, mas, no caso de paroxítonas, para indicar que a tônica é a penúltima, é necessário o acento. Exemplos:
ímã
bênção
- Paroxítonas terminadas em -um ou -uns: da mesma forma, se a paroxítona tiver essa terminação, deve ser acentuada. Exemplos:
álbuns
quórum
- Paroxítonas terminadas com as consoantes -l, -n, -r ou -x: essa terminação também faz com que a paroxítona seja acentuada. Exemplos:
imensurável
abdômen
caráter
fênix
- Paroxítonas terminadas em ditongo: se a palavra terminar em ditongo, a acentuação é necessária na penúltima sílaba. Exemplos:
jóquei
vôlei
língua
tênue
estátua
amêndoa
→ Regras de acentuação das palavras proparoxítonas
Proparoxítonas são palavras cuja sílaba tônica é a antepenúltima (a terceira de trás para frente). A regra para essas palavras é simples: todas as proparoxítonas devem ser acentuadas para não serem confundidas com palavras paroxítonas ou oxítonas. Exemplos:
sânscrito
excêntrico
paralelepípedo
Veja também: Qual a diferença entre acento gráfico e acento tônico?
Regras de acentuação no acordo ortográfico
O último Acordo Ortográfico, vigente no Brasil desde 2009, trouxe mudanças importantes relacionadas à acentuação gráfica no país:
-
Trema
O trema (¨) é um acento gráfico que foi usado em palavras de uso comum, mas hoje em dia não é mais aceito na gramática normativa brasileira.
Exemplos:
aguentar
linguiça
Atenção! O acento continua sendo escrito em nomes próprios, geralmente estrangeiros:
Bündchen
Müller
-
Acento diferencial
Na maior parte, o acento diferencial foi abolido. Era um acento usado apenas para diferenciar palavras que tinham a mesma forma.
Exemplos:
pelo (substantivo)
pelo (contração da preposição “por” com o artigo “o”)
Atenção! O acento diferencial ainda é mantido quando a classe gramatical for a mesma:
pode
pôde
-
Ditongos abertos -ei- e -oi-
Paroxítonas cujo acento caia em ditongos abertos com as vogais -ei- e -oi- não são acentuadas. Exemplos:
ideia
jiboia
heroico
-
Hiatos
Paroxítonas cujo acento recaia sobre “u”, quando este forma hiato logo após ditongo, não levam mais acento. Exemplos:
feiura
baiuca
Bocaiuva
Além disso, palavras em que há hiato a partir de duas vogais iguais também deixaram de ter acento. Exemplos:
leem
voo
perdoo
Acentos gráficos
Na língua portuguesa, são usados dois acentos gráficos para indicar a sílaba tônica de uma palavra:

-
Acento agudo (´)
Esse acento é usado sobre qualquer uma das vogais (A, E, I, O ou U) para indicar um timbre aberto ou, no caso de I e U, apenas para indicar a sílaba tônica. Exemplos:
trágico
ré
país
avó
rústico
-
Acento circunflexo (^)
Esse acento é usado sobre as vogais A, E ou O para indicar um timbre fechado e a sílaba tônica. Exemplos:
câncer
têmpora
avô
Saiba mais: O que mudou nas regras de uso do hífen?
Classificação das palavras quanto à acentuação
As palavras podem ser classificadas de acordo com a posição em que cai a sílaba tônica, isto é, a sílaba pronunciada mais fortemente. As classificações são:
Classificação |
Posição da sílaba tônica |
Exemplo |
oxítonas |
última |
café |
paroxítonas |
penúltima |
fácil |
proparoxítonas |
antepenúltima |
magnífico |
Exercícios resolvidos sobre regras de acentuação
Questão 1
(Quadrix 2022 – Adaptada)
Texto para o item.
Izabel Seara, Vanessa Nunes e Cristiane Lazzarotto-Volcão. Para conhecer fonética e fonologia do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2015, p. 113 (com adaptações).
Considerando o texto apresentado e o que se refere à relação entre fonologia e ortografia, julgue o item.
Na palavra derivada “ortográfica” (linha 5), altera-se a posição do acento tônico da palavra primitiva, “ortografia”.
( ) Certo
( ) Errado
Resposta
Certo. Em “ortografia”, a sílaba tônica é a penúltima, não havendo acento gráfico. Já em “ortográfico”, a sílaba tônica é a antepenúltima, exigindo acento gráfico.
Questão 2
(Selecon 2022)
“É importante que a sociedade compreenda a necessidade de investir na saúde mental”
A pandemia acionou os sinais de alerta para a saúde mental e deu-lhe uma visibilidade nunca antes vista. O cansaço pandêmico, a preocupação e o medo de uma doença desconhecida, o isolamento e o esforço visível no rosto dos profissionais de saúde que aguentaram trabalhar, meses a fio, na linha da frente na luta contra a covid-19 trouxeram o tema para a opinião pública. O desafio da saúde mental em Portugal é agora “aproveitar a onda e não deixar que o tema volte a ser menos visível e garantir que as pessoas estejam conscientes e despertas para o problema”, afirma António Leuschner.
O psiquiatra e presidente do Conselho Nacional de Saúde Mental participou em mais um podcast, onde recordou o direito de todos os cidadãos a usufruir de bem-estar mental, acompanhando o bem-estar físico e o bem-estar social. “Estas três componentes são absolutamente indissociáveis”, refere, lembrando que este é um problema que surge muitas vezes associado a doenças físicas graves, em que os doentes sofrem psicologicamente com isso, e que, por isso, é essencial garantir que têm o acompanhamento e o apoio necessários.
Este é um problema que afeta não só os doentes, mas também as famílias. “Não podemos esquecer que por detrás de uma pessoa há sempre um agregado familiar”, aponta Joaquina Castelão, que participou igualmente no podcast sobre saúde mental e que, em conjunto com António Leuschner, desenvolveu a tese que reflete e aponta caminhos sobre o tema.
A presidente da Familiarmente (Federação Portuguesa de Associações de Famílias com Pessoas com Experiências de Doença Mental), que conhece de perto o problema e trabalha junto de outras famílias e das associações que lhes dão voz, alerta para a importância da promoção da saúde e da prevenção, não apenas com a saúde mental, “mas, acima de tudo, no diagnóstico correto, no tratamento adequado e num acompanhamento integrado em termos multidisciplinares, que inclua como recurso – e não apenas como parceiro – a família”. Porque esta, acrescenta, também precisa de ser cuidada, não com a mesma tipologia de doença, mas necessita de apoio e de acompanhamento. “Esta é uma percentagem muito elevada da nossa população e requer uma atenção muito grande por parte dos principais responsáveis pelas políticas de saúde mental, pelos dirigentes dos serviços e da sociedade em si.”
O estigma sobre estas doenças – que ainda perdura em pleno século XXI – tem também, na opinião da presidente da Familiarmente, que ser eliminado. Na sua perspectiva, a sociedade continua a ser a principal responsável pelo estigma que se mantém, provavelmente por falta de informação sobre o assunto, “mas o que é certo é que ainda há muito a fazer nessa área”.
António Leuschner concorda e acrescenta que a saúde mental pode, e deve, ser trabalhada da mesma forma que a restante saúde, ou seja, muito antes de aparecer a doença. E estas ações, defende, devem começar muito cedo na vida das pessoas. A recente constituição de um grupo que fará um estudo sobre a importância da saúde mental no aumento da criminalidade nos jovens abaixo dos 16 anos é, para o psiquiatra, um passo muito importante. “Tendo a noção de que é verdade que muitas das determinantes das descompensações não estão propriamente na entidade biológica por detrás de cada um de nós, mas também estarão em fatores ambientais, sociais, económicos ou familiares, é um trabalho fundamental”, reforça.
Relativamente aos custos, uma componente sempre importante em qualquer temática da saúde, Joaquina Castelão acredita que serão idênticos, ou até menores, que em muitas outras áreas da saúde. “Há custos numa fase inicial, que se transformam em dividendos muito superiores aos custos do que se investe na saúde, devido a toda a repercussão que tem uma pessoa estabilizada poder levar a sua vida com normalidade.”
Muitas vezes estas pessoas deixam os empregos ou os estudos, interrompendo o ciclo de vida normal devido à incapacidade que a doença traz, enquanto progride sem tratamento adequado. O mesmo acontece nas famílias, que frequentemente deixam de trabalhar para fazer um acompanhamento, reduzindo o rendimento do agregado, com todas as implicações económicas e sociais que a situação acarreta. “Temos de ponderar todos estes fatores e não pensar apenas no custo que pode ter para o Estado. Neste momento, o maior custo está sobre a pessoa que sofre, sobre a sua família e sobre a sociedade, porque é uma pessoa que deixa de produzir para o país.”
Fátima Ferrão
Diário de Notícias, 19/6/2022
Texto publicado em Portugal
A palavra “idênticos” é acentuada pelo mesmo motivo de:
A) saúde
B) pública
C) responsável
D) indissociáveis
Resposta
Alternativa B. A palavra “idênticos” é acentuada por ser uma proparoxítona. Entre as alternativas, a única palavra que também é proparoxítona (devendo ser acentuada por isso) é “pública”.
Fontes
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Parábola, 2021.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2016.