UOL - O melhor conteúdo

Metropolização

A metropolização é o processo de intensificação do crescimento das cidades e possui uma grande relação com a industrialização.

Cidade de Tóquio (Japão), uma das maiores do mundo
Cidade de Tóquio (Japão), uma das maiores do mundo
Imprimir
A+
A-
Escutar texto
Compartilhar
Facebook
X
WhatsApp
Play
Ouça o texto abaixo!
1x
PUBLICIDADE

Metropolização é o processo de crescimento urbano de uma cidade e sua constituição como centralidade de uma região metropolitana, isto é, de uma área composta por vários municípios que congregam a mesma dinâmica espaço-territorial. A metrópole passa a ser vista como a zona na qual as demais cidades tornam-se dependentes e interligadas economicamente. Entre os exemplos de metrópoles no Brasil, temos as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Goiânia, Porto Alegre e muitas outras.

Para entender a lógica da metropolização (e, posteriormente, da desmetropolização), é preciso considerar a seguinte premissa básica: a industrialização tende a induzir à urbanização, ou seja, quando uma cidade ou uma região se industrializam, a tendência é de que, com o tempo, a sua população se eleve, bem como o número de residências e o crescimento horizontal de seu espaço geográfico urbano.

Foi assim ao longo da história que narrou os sucessivos processos de industrialização ao redor do mundo e suas consequentes urbanizações e metropolizações. No século XVIII, no ápice da Revolução Industrial, as grandes cidades da Europa já apresentavam as maiores populações do mundo. No entanto, o ritmo do crescimento populacional intensificou-se cada vez mais.

No ano de 1850, Londres – então o principal centro mundial – alcançava os três milhões de habitantes; 50 anos depois, essa população já somava os sete milhões, graças aos efeitos gerados pelas duas primeiras Revoluções Industriais. Nova York, graças à grande onda migratória vinda da Europa e à industrialização e financeirização de sua economia, foi a primeira cidade a ultrapassar os 10 milhões de habitantes, na década de 1930.

Portanto, o que podemos notar é que as grandes capitais do mundo desenvolvido foram as primeiras a se industrializar e, portanto, as primeiras cidades a passarem pelo processo de metropolização. Sendo assim, até meados do século XX, cidades com grandes populações eram sinônimos de modernidade, o que foi se modificando nas décadas posteriores.

A partir da segunda metade do século XX, os países subdesenvolvidos passaram a se industrializar, graças à migração e expansão das indústrias e empresas multinacionais, que se instalaram em países periféricos em busca de fácil acesso a matérias-primas, mão de obra barata e amplo mercado consumidor. Assim, países como o Brasil conheceram então os seus processos de metropolização, como os que ocorreram em São Paulo e Rio de Janeiro, que, ao final do século, transformaram-se em megacidades (cidades com mais de 10 milhões de habitantes).

Os problemas da metropolização

Sabe-se que toda formação urbana ocorrida de forma rápida e desordenada provoca várias convulsões sociais e problemas econômico-estruturais. Nos séculos XVIII e XIX, as grandes cidades da Europa conheceram o caos graças às elevadas taxas de concentração urbana e às péssimas condições de trabalho às quais os trabalhadores (maioria da população) estavam submetidos. A urbanização descontrolada e a falta de estrutura para a população condicionam a formação do processo de macrocefalia urbana.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Em decorrência disso, os países desenvolvidos adotaram políticas de ordenamento e controle de suas cidades, praticando ora reformas urbanas, ora revitalizações de áreas antes relegadas ao acaso. Sendo assim, cidades como Paris, Londres e Nova York, apesar de ainda serem grandes megalópoles, abandonaram a liderança mundial em número de habitantes. Atualmente, esse posto pertence – com exceção de Tóquio – a cidades localizadas em países subdesenvolvidos. Essas cidades agora sofrem as mesmas convulsões sociais que as cidades desenvolvidas sofreram outrora, com o agravo de não disporem dos mesmos recursos financeiros para se livrarem de suas condições de miséria.

A desmetropolização e o crescimento das cidades médias

Você provavelmente já deve ter escutado alguma vez a seguinte frase: “vida na grande cidade não é fácil”. Os imóveis são sempre mais caros (e valorizam-se também mais depressa), o trânsito sempre apresenta problemas, tudo fica longe de tudo, isso sem falar de transtornos ambientais exclusivos das cidades, como as Ilhas de Calor e a Inversão Térmica.

Cidade de Mumbai (Índia), uma das maiores cidades do mundo e com grandes problemas urbanos, sociais e ambientais
Cidade de Mumbai (Índia), uma das maiores cidades do mundo e com grandes problemas urbanos, sociais e ambientais

Em razão dessa dinâmica caótica das grandes cidades, o seu espaço geográfico – salvo em alguns poucos casos, quando bons planejamentos urbanos são executados – torna-se pouco atrativo para o investimento e para a instalação de grandes empresas. Tal fator, associado à chamada “Guerra Fiscal”, possibilita a formação de um processo antigo nos países centrais e recente em países emergentes: a desmetropolização.

Esse processo ocorre quando há certa “fuga” de empresas que, em razão dos motivos acima explicitados, migram para o interior do país ou até mesmo para outras regiões do globo, desde que isso represente melhorias em seus serviços e aumento em seus lucros. Além disso, nos países que vão se industrializando, a tendência é a diminuição da oferta de matérias-primas e a consolidação de direitos trabalhistas, o que não interessa aos donos e acionistas das empresas que compõem o seio do grande capital.

Assim, ao mesmo tempo em que se observa a ocorrência da desmetropolização das grandes cidades (e a consequente queda em seus crescimentos populacionais), observa-se um crescimento das chamadas Cidades Médias e das Metrópoles de menor porte. Por isso, existem grandes preocupações de que, com o crescimento desordenado dessas cidades, os problemas urbanos antes vivenciados nas grandes metrópoles se repitam. Para evitar esse processo, é preciso que o Estado regule um pouco mais a economia, estabelecendo critérios e limites para a urbanização e industrialização das cidades, além de promover medidas de redução das desigualdades sociais e da adequação de infraestruturas nas periferias das grandes cidades.


Por Rodolfo Alves Pena
Graduado em Geografia

Escritor do artigo
Escrito por: Rodolfo F. Alves Pena Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PENA, Rodolfo F. Alves. "Metropolização"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/metropolizacao.htm. Acesso em 13 de abril de 2025.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

Assinale o conceito abaixo que melhor define a expressão “metropolização”:

a) Designa a formação de uma cidade, seja ela de grande, médio ou pequeno porte.

b) É o mesmo que urbanização.

c) É o processo de constituição de expansão de uma metrópole e sua área de influência.

d) Representa o fenômeno em quem uma região metropolitana exerce influência sobre outra.

e) Caracteriza o processo de redução no crescimento de uma metrópole em detrimento do crescimento de pequenas e médias cidades.

Exercício 2

(UNIFESP)

No Brasil, em decorrência do processo de urbanização, verificou-se uma intensa metropolização, da qual resultaram:

a) cidades médias, que se industrializaram após a abertura econômica da década de 1990, como Campinas e Ouro Preto.

b) metrópoles nacionais, sedes do poder econômico e político do país, como São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro.

c) cidades mundiais, que receberam vultosos investimentos externos no início do século XXI, como Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

d) megacidades dispersas pelo país, graças ao retorno de imigrantes, como Manaus, Goiânia e Curitiba.

e) metrópoles regionais, que constituem a primeira megalópole do país, como Fortaleza, Recife e Salvador.

Exercício 3

(PUC-SP)

É comum encontrar, nas referências sobre a urbanização no século XX, menções ao fato de ela ter sido fortemente marcada pela metropolização. De fato, as metrópoles são fundamentais para se entender a vida urbana contemporânea. A respeito das metrópoles modernas brasileiras, pode-se afirmar que:

a) não são aglomerações tão grandes como as de outros países, porque elas são fragmentadas em vários municípios, como no caso de São Paulo.

b) são configurações cujas dinâmicas, em alguns casos, levaram seus limites para além do núcleo municipal de origem, formando aglomerações multimunicipais.

c) elas são aglomerações modestas em razão da inviabilidade de se administrar em países pobres áreas urbanas de grande porte.

d) apenas uma delas pode ser considerada de fato metrópole, logo, não se pode afirmar que no Brasil houve uma urbanização metropolitana.

e) elas estão com o seu crescimento paralisado, sofrendo, em alguns casos, encolhimento, em função de novas políticas de planejamento.

Exercício 4

O termo “metropolização” desvela o processo de constituição da metrópole, hoje, um processo que contempla a extensão da constituição da sociedade urbana traduzida enquanto prática socioespacial. Nesta dimensão a reprodução ganha um sentido prático – revela-se no plano do vivido e do lugar, ao mesmo tempo em que o modo como ocorre a articulação entre os planos do mundial e do local, pela mediação da metrópole. Esse conjunto de transformações revela as mudanças do processo de reprodução social em sua totalidade.

CARLOS, A. F. A. São Paulo: dinâmica urbana e metropolização. Revista Território - Rio de Janeiro - Ano VII – nº11, 12 e 13 - set./out., 2003. p.78.

Entre os elementos constitutivos do adensamento urbano e da metropolização, o principal é:

a) a conurbação das cidades

b) a formação de espaços globais

c) a modernização dos transportes

d) a industrialização

e) a criação de zonas e feiras de comércio